Et dieu...



Ainda sobre o filme de Roger Vadim, achei esse texto na internet que gostei muitíssimo e reproduzo aqui:

Muito se fala neste como o primeiro filme estrelado por Brigitte Bardot, mas na verdade é muito mais que isso. Roger Vadim como um dos grandes entendedores da complexa mente feminina nos propõe uma história simples, mas de argumento e conceitos muito interessantes. Uma garota loura à qual a delicadeza de sua beleza contrastada com suas atitudes improváveis expõe uma imagem quase que universal da natureza feminina, numa das mais sinceras e elucidadas obras sobre a essência da vida, do amor, e também do sentimento carnal. Eis uma bela síntese (hehe). Como embalagem, acrescente Bardot na flor da idade e um Jean-Louis Trintignant também jovenzinho (para não dizer “lindo”) que teremos esse produto fino que marcou época.

Como não ser especialista em mulheres quando se foi casado com Deneuve, Jane Fonda e a própria Bardot? Roger Vadim transpõe perfeitamente o estereótipo da garota levada que leva os homens ao delírio com sua postura de falsa ingenuidade. Acredito que quem já passou pelas mãos de uma mulher como Juliete é que pode perceber melhor o quão denso e verdadeiro é a análise de Vadim. E quando no enredo ele joga a garota nos braços de quem ela quer, e não de quem a quer, é que a coisa funciona mais extraordinariamente ainda. O diretor soube muito bem como tratar do tema. Intercala o romance como um meio de aproximação entre o espectador e o seu cotidiano, mostrando que às vezes o que parece banal pode não ser.

Confesso que não acreditava ser esse um dos maiores exemplos do fascinante cinema francês da década de 1950. Para quem buscava apenas entretenimento, fiquei muito surpreendido com a abordagem de Roger Vadim, que de algo tão puro em essência conseguiu compactuar tantos valores antagônicos aos quais estamos sujeitados diante da busca por um romance [e pela felicidade]. Posso estar enxergando além do que muita gente sugere ser, mas prefiro confiar nisso ao dizer que esta é uma mera curiosidade. E Deus Criou a Mulher (existe título mais sugestivo?) é filme grande! Porque ensaia como poucos que a vida simplesmente é para ser vivida.


É isso, a vida é simplesmente para ser vivida.

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