fim de ano


Eu amo quando o ano chega ao fim. Sinto que posso relaxar, que posso me liberar um pouco de mim mesma. E o calor e o sol têm este poder de iluminar as pessoas. De libertar. O frio reprime. Não entendo quem diz que ama frio. Duvido. É gente que gosta de se reprimir. Eu não gosto. E este fim de ano está sendo mais agitado do que o normal. Depois de seis anos na firma a situação mudou de estável para tudo pode acontecer. Estão reestruturando. Estão demitindo. E eu estou só aguardando o que será de mim. Decidi não tomar atitude alguma. Só esperar. No fundo eu queria me ver livre de todo esse mundo corporativo e suas regras, sua hipocrisia, sua ignorância cultural. O que eu pude absorver aqui eu já absorvi: fiz grandes amigas, comprei meu apto, conheci meu marido, aprendi a me defender, a focar, a atingir metas e resultados, a fingir (só um pouquinho), descobri o que não quero fazer da minha vida profissional. O que eu quero eu ainda não sei. Mas passar o resto da vida nesta vida escritório chato eu não quero. E o clima aqui pesou. E está me fazendo mal. Muita gastrite e muita dor nas costas. Não tem jeito. A pessoa é para o que nasce. E seguir a intuição é fundamental. Eu não fiz isso. Eu tracei os rumos da minha vida fazendo as escolhas que eu julgava serem as certas, não as que eu queria, as que eu desejava. Se um dia eu tiver filhos é isto que vou ensinar. Ouça o que está dentro de você, vai atrás do que te inspira. Todo o resto é bobagem.
O olho vê,
a lembrança revê,
e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.
Manoel de Barros

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