Tudo isso vai


Última semana de trabalho antes das férias. Mês de dezembro. Ruas, casas e prédios iluminados. Época também iluminada. Sensação de recomeço, certeza de recomeço. São dias intensos, de muito trabalho e muitos encontros de confraternização. E logo mais estarei perto do mar, do céu, do verde. Bem longe desse concreto todo...
Depois desse nariz de cera, quero deixar aqui registrado mais uma vez que eu tenho muito certeza dos lugares aos quais eu não pertenço, eu não me reconheço e eu não quero estar.
Começando pelo que me inspira e me faz feliz: toquei intensamente neste final de semana. Fizemos um show em um casamento em Itu cuja noiva já dançou no Ilú. Uma casa cercada de verde, de céu, de paz. Ensaiamos no domingo da praça do Patriarca. O último ensaio do ano é sempre emocionante. E ainda no domingo à noite tocamos em frente ao prédio do antigo Dops - atualmente Estação Pinacoteca. Foi uma apresentação meio surrealista, mas muito bacana. Um grupo chamado Pessoal do Faroeste fez uma intervenção na rua usando o mote dos 12 trabalhos de Hércules para relembrar os mortos e perseguidos da ditadura. Nós fechamos a peça. Começamos a tocar depois que a Mel Lisboa surge vestida de lua (!!!). E tinha uma linda lua cheia no céu. Mas tinha também bolivianos bêbados, craqueiros, travestis e gente comum e gente descoladex. Terminei o domingo bastante cansada, mas com a certeza que guardarei esse dias na memória e no coração.
Na segunda-feira à noite foi a festa de final de ano da firma. Mais triste impossível. Um lugar esquisito, frio, cerveja ruim... Fugi logo e fui para a minha casa. Ainda deu tempo de assistir uma parte de um documentário sobre o fotógrafo Walter Firmo e uma parte de um documentário sobre o Radamés Gnattali. Cada vez tenho mais a certeza de que o alimento do homem é a arte. Acho que consegui recuperar parte da minha inspiração perdida naquela festa triste.
Ah, e eu também peguei o início de um documentário lindo sobre o Gilberto Gil, que começa com ele cantando Lugar Comum, música do João Donato com letra de Gil. Fui dormir comovida com tanta beleza.

Beira do mar, lugar comum
Começo do caminhar
Pra beira de outro lugar
Beira do mar, todo mar é um
Começo do caminhar
Pra dentro do fundo azul
A água bateu, o vento soprou
O fogo do sol, O sol do senhor
Tudo isso vem, tudo isso vai
Pro mesmo lugar
De onde tudo saiu

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