Scener ur ett aktenskap


Domingo à noite cansada de tanto ensaio, resolvi relaxar (!!!) assistindo Cenas de um Casamento (1974) do Ingmar Bergman. Foi o retrato mais contundente que eu já vi sobre casamento e relacionamento. A todo o momento eu pensava em parar de assistir, pois estava com medo do peso do filme me influenciar - já que eu estou em movimento oposto em busca da leveza. E sempre podemos fazer como o marido do filme: se não pensarmos em uma determinada coisa, essa coisa não existe. Mas é uma obra essencial para qualquer pessoa que goste de cinema.

Originalmente Cenas de um casamento foi uma minissérie feita para a televisão e que posteriormente virou filme. Dividida em seis capítulos conta a história do casal de Johan e Mariane. Vale a pena ler trechos de falas do filme:

Marianne tenta ler para Johan o que ela conseguiu escrever sobre si
De repente, viro-me e olho para uma velha foto de escola de quando eu tinha 10 anos, pareço detectar algo que me escapava até então. Para minha surpresa, devo admitir que não sei quem sou. Não tenho a mais vaga idéia.Sempre fiz o que me mandaram. Até onde me lembro fui obediente, correta, quase humilde. Me impus algumas vezes, quando menina, mas minha mãe me puniu por minha falta de modos, com severidade exemplar. Minha educação e a das minhas irmãs tinha o objetivo de nos tornar agradáveis. Eu era feia e desajeitada um fato do qual sempre me lembravam. Mais tarde percebi que, se guardasse meus pensamentos e fosse agradável e previsível seria recompensada. A maior decepção começou na puberdade,meus pensamentos e sentimentos giravam em torno de sexo, mas nunca disse isso aos meus pais nem a ninguém.Ser enganosa e reservada e mostrou mais seguro. Meu pai queria que eu seguisse seus passos e fosse advogada. Dei indiretas de que queria ser atriz ou fazer algo no mundo do teatro, mas eles riram de mim. Desde então, sigo fingindo, forjando meus relacionamentoscom os outros, com os homens, sempre atuando, numa tentativa desesperada de agradar. Nunca considerei o que eu queria e sim o que ele quer que eu queira. Não é falta de egoísmo, como costumava pensar, é pura covardia, pior ainda, provém da minha ignorância de quem eu sou. Nosso erro foi não nos desligarmos de nossas famílias e criarmos algo que nos satisfizesse a nós mesmos.

Johan filosofando sobre a vida
Somos analfabetos emocionais, aprendemos anatomia e métodos de cultivo na África sabemos fórmulas matemáticas de cor e salteado, mas não nos ensinaram nada sobre nossas almas.
Somos tremendamente ignorantes sobre o que move as pessoas.

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